13/12/2016 - O Tempo
Não houve novas estações nem aumento da malha, diferentemente de outras seis cidades do país
Movimento. No ano passado, o metrô transportou 61,1 milhões de passageiros, menos do que em 2014
JOÃO RENATO FARIA
O metrô de Belo Horizonte, com 28,1 km, foi o único que não teve crescimento em extensão e em estações desde 2011 se comparado a outras seis cidades do país, segundo pesquisa da Confederação Nacional do Transporte (CNT) divulgada nessa segunda-feira (12) (veja abaixo).
A capital mineira ficou parada no tempo, enquanto outros locais, que iniciaram depois a implantação de seus metrôs, ultrapassavam BH em oferta de transporte sobre trilhos, como Fortaleza (CE). São 43,6 km de extensão de metrô, inaugurado em 2012, mais VLT. Ao todo, 14 cidades foram analisadas.
A única melhoria no modal de BH, segundo a pesquisa, foi o aumento no número de vagões, que passou de 96 para 136. “Houve um acréscimo de 40 carros, o que é alto, mas não é suficiente para uma região metropolitana do porte de Belo Horizonte, o que mostra que existe uma deficiência no planejamento das ações”, afirmou o diretor-executivo da CNT, Bruno Batista.
Também não há perspectiva de execução dos projetos das linhas 2 (Calafate/Barreiro) e 3 (Lagoinha/Savassi). Além disso, a combinação entre crise econômica, saturação de passageiros e tarifa deficitária (R$ 1,80) pode provocar um colapso no sistema da capital mineira.
“Sem investimentos, o metrô acaba ficando muito cheio e, como consequência, repele os passageiros, que passam a buscar alternativas como o carro. Além de uma queda na arrecadação, existe um aumento no trânsito da cidade”, analisou Batista.
Segundo o levantamento da CNT, apesar de registrar um aumento de passageiros de 6,5% de 2012 a 2015, houve uma queda no número de pessoas transportadas, de 64,4 milhões em 2014 para 61,1 milhões em 2015. “Os trens são antigos, pesados, desconfortáveis e estão ficando abarrotados no horário de pico. O sistema está, hoje, perto do seu máximo”, afirmou o coordenador do departamento de Transportes da universidade Fumec, Márcio Aguiar.
Solução. Conforme a CNT, o melhor meio de resolver a estagnação do metrô de Belo Horizonte é cedendo o sistema para a iniciativa privada. “Defendemos que o governo facilite a entrada de investidores privados nos sistemas”, disse Batista.
O especialista Márcio Aguiar concorda. “O governo federal não tem como investir. O governo estadual, muito menos. Se não mudar o modelo, não vamos avançar nada”, afirmou. Ele avalia que as soluções encontradas por São Paulo e Rio de Janeiro poderiam ser adaptadas para a capital mineira. “No Rio, o metrô avançou depois das Parcerias Público-Privadas (PPP). Em São Paulo, a linha amarela foi construída e é operada pela iniciativa privada”, exemplificou. O metrô de BH tem 30 anos.
Silêncio. Procurada pela reportagem na tarde dessa segunda-feira (12), a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) não havia se posicionado sobre a pesquisa até o fechamento desta edição.
EXPANSÃO
Capital precisaria de 199,5 km de linhas ferroviárias
Para atender o aumento da demanda e o crescimento da população, a Confederação Nacional do Transporte (CNT) estima que o sistema tenha que saltar dos atuais 28,1 km para 199,5 km, um aumento de mais de 600% na extensão.
Esse levantamento, que não fez parte da pesquisa e foi feito em 2014, inclui metrô e trem metropolitano. Para sair do papel, essa intervenção custaria, ainda segundo a CNT, cerca de R$ 46,12 bilhões. “Belo Horizonte possui uma região metropolitana extensa, populosa e de economia forte. Precisa de uma atenção maior dos gestores para que o sistema volte a ter investimentos”, afirmou o diretor-executivo da CNT, Bruno Batista.
O problema, na opinião do coordenador do departamento de Transportes da universidade Fumec, Márcio Aguiar, é justamente esse recurso chegar ao metrô. “Em 2013, houve uma promessa de R$ 2 bilhões, que nunca chegaram. Infelizmente, Minas Gerais vai, mais uma vez, ficar para trás na história”, criticou.
ENTENDA A DIFERENÇA
Metrô x trem. A diferença entre eles não está relacionada ao trânsito em superfície ou por trecho subterrâneo. Segundo a pesquisa da Confederação Nacional do Transporte (CNT), para ser chamado de metrô, o sistema deve ter uma distância média entre as estações de 700 m a 1.200 m, além de um intervalo médio entre veículos no horário de pico de 90 segundos a 180 segundos.
Trens. Podem ter distância média de 1.500 m a 2.500 m entre as estações, além de intervalo no horário de pico que varia entre 120 segundos a 300 segundos.
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