segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Metrô Belo Horizonte firma novo record

19/12/2011 - CBTU

O Metrô de Belo Horizonte firmou um novo recorde de passageiros na última quinta (15/12), transportando 228.942 passageiros, 9.526 a mais que no recorde anterior, firmado em 23 de novembro de 2010, quando foram transportados 219.416 usuários.

O Metrô foi decisivo na volta pra casa no início da noite de quinta, quando várias avenidas da capital ficaram alagadas, dificultando a circulação de veículos e pessoas. Para atender ao grande fluxo de usuários que procuraram as estações do Metrô, em especial as unidades Central e Lagoinha, o Metrô reduziu os intervalos e estendeu os intervalos praticados no pico. O sistema operou com 15 trens circulando, entre 19h30 e 20h50, quando o normal para o horário seriam nove composições em circulação.

De acordo com o gerente Regional de Operação, Fernando de Pinho Tavares, o aumento do número de passageiros foi atípico em decorrência das chuvas. “A grande procura pelo Metrô é explicada pela interdição do tráfego rodoviário na região do cruzamento das avenidas Cristiano Machado e Sebastião de Brito, totalmente alagadas com o transbordamento do córrego Pampulha, em decorrência de grande precipitação de chuvas na capital mineira”, explica.

Demanda em alta Em novembro deste ano, 4.908.937 usuários passaram pelas 19 estações do sistema. O constante crescimento de demanda revela o aumento da produtividade do sistema, que surge como a melhor opção de transporte, diante dos atuais problemas do trânsito da cidade. No acumulado do último ano, o Metrô de BH transportou 50.555.704 milhões de passageiros, ao longo de todo o período. Em 2011, o Metrô de BH estima que cerca de 57 milhões de pessoas passarão pelo sistema no acumulado do ano.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Desde 2007, metrô de BH já recebeu R$ 400 mi em promessas

02/12/2011 - EM.com.br

Relatório oficial da CBTU comprova que nos últimos quatros anos não adiantou aprovar verba para o metrô de Belo Horizonte

O anúncio feito com toda a pompa pela presidente Dilma Rousseff (PT), de R$ 3,16 bilhões para o metrô de Belo Horizonte, pode acabar se transformando em frustração. Isso se o histórico da verdadeira novela em busca de recursos para concluir as obras no trem urbano continuar se repetindo. Documento oficial da Companhia Brasileira de Trens Urbanos mostra que desde 2007 foram incluídos quase R$ 400 milhões em projetos que acabaram sendo cancelados pelo governo federal ou esbarrando no limite de liberação orçamentária.

Relatório assinado pelo diretor-presidente da CBTU, Francisco Colombo, explica que, ano após ano, as sucessivas verbas foram canceladas. Em 2007, foram colocados R$167,4 milhões no Programa de Aceleração de Crescimento (PAC), que funcionou como principal vitrine para a então ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, no governo do ex-presidente Lula. Os recursos seriam aplicados até 2009 na linha 2 (Barreiro–Hospitais) e no projeto de complementação da linha 3 (Pampulha–Savassi). Pouco depois, a “ação” foi separada em duas e, em seguida, o valor foi cancelado via medida provisória. “Desta forma, embora integrantes do PAC, não houve liberação para as ações de elaboração do projeto da linha 2 e a de correção e vedação da faixa de domínio do trecho Barreiro–Calafate”, informa o documento.

Conforme a CBTU, foram aprovados R$ 1,8 milhão para projetos da linha 2 em 2008, valor considerado “insuficiente” pelo órgão para dar continuidade ao contrato. A ação que constava do PAC foi excluída do programa e “não foi liberado limite orçamentário”.

No projeto de orçamento federal para 2009, a própria CBTU propôs a continuidade de projetos para o Metrô de BH, mas a reivindicação no valor de R$ 6,3 milhões não foi acatada pelo Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Tentou ainda viabilizar obras do trecho Barreiro–Calafate com “redução de escopo”, prevendo R$ 50,4 milhões e teve essa aprovação no orçamento de 2009. “Contudo, não havendo liberação de limite orçamentário, em dezembro de 2009 esses recursos foram liberados”, informa.

O relatório da CBTU informa que a lei orçamentária de 2010 contemplou a “ação de correção e vedação da faixa de domínio do trecho Barreiro–Calafate, com R$ 33,4 milhões no PAC. Novamente, em abril daquele ano, a ação foi excluída por portaria. A CBTU conta ter encaminhado novo pedido em agosto de 2010 para o Ministério das Cidades, de R$ 63,02 milhões para a mesma ação no Barreiro, mas não conseguiu incluir o pleito no orçamento de 2011.

São Tomé

O detalhamento das verbas perdidas para o metrô da capital foi feito em resposta ao deputado federal Eduardo Azeredo (PSDB), que enviou requerimento diretamente ao ministro das Cidades, Mário Negromonte, solicitando informações sobre uma emenda de R$ 49 milhões aprovada para a bancada mineira no orçamento da União deste ano. Além do histórico de cancelamentos, a CBTU, vinculada ao ministério, responde apenas que, aprovada em substitutivo, a verba não foi liberada até agosto pois “não houve liberação de limite orçamentário para a ação”.

Autor do requerimento, Azeredo diz que agora adota a lei de São Tomé – de ver para crer. “Se eles não são capazes de liberar R$ 49 milhões, precisamos ver. Esse anúncio de R$ 3 milhões foi importante mas é preciso esperar para ver se vai realmente se concretizar”, avaliou.

Enquanto isso...

...a novela continua

A Prefeitura de Belo Horizonte e o governo federal vão revisar, até o mês que vem, o projeto elaborado há seis anos para a construção das linhas do metrô e da revitalização da linha 1. Em meados de 2012 será aberto processo de licitação entre as consultoras interessadas nos investimentos anunciados da ordem de R$ 3 bilhões. A previsão é de que as obras comecem até dezembro do mesmo ano. Conforme o cronograma, a substituição e ampliação dos trens, com o aumento da velocidade e melhoria nas estações de transporte, ocorrerão até 2014. Entre 2016 e 2017 seriam construídas as linhas 2, com cerca de 10 quilômetros de extensão, e 3, com trecho complementar e mais 4,5 quilômetros. 

terça-feira, 15 de novembro de 2011

BH precisa ir muito além do BRT

13/11/2011 - Estudo Mobilize

Melhorar a mobilidade urbana em Belo Horizonte é um dos maiores desafios dos governos mineiros. Mas, mesmo com grandes eventos esportivos até 2016, a cidade provavelmente só deverá alcançar um patamar de alto padrão em transporte público em 2020, segundo a própria BHTrans, empresa responsável por gerir o trânsito da metrópole.
 
Uma das obras de mobilidade prevista é a implantação do sistema BRT (Bus Rapid Transit), com o alargamento de diversas vias por toda a cidade. Planejado anteriormente para três avenidas – Antônio Carlos, Cristiano Machado e D. Pedro II –, o projeto foi reduzido e agora só será implantado nos dois primeiros corredores, com valor estimado em R$ 1,5 bilhão, entre projeto e desapropriações.
 
Na avenida D. Pedro II, a única intervenção será a construção de faixas exclusivas para ônibus, o que está muito aquém do esperado. De acordo com a engenheira Sinara Inácio, da Secretaria de Obras e Infraestrutura, o projeto está sob revisão mas a obra está atrasada devido a dificuldades nas desapropriações do local.
Informação publicada em agosto passado no jornal “O Estado de S. Paulo” (e não confirmada pela prefeitura) dá conta de que apenas a remoção dos edifícios neste eixo teria um custo de R$ 153 milhões, bem mais do que os R$ 83 milhões estimados na proposta elaborada em 2009. Para o projeto original, a obra contou com recursos do PAC da Mobilidade Urbana, no valor total de R$ 146 milhões.
 
Falência do transporte coletivo

A ideia de inserir o BRT como solução momentânea deve-se à falência geral do transporte coletivo na cidade. Hoje, a frota de ônibus é de 2.870 unidades, que transportam diariamente cerca de 1,5 milhão de pessoas.
 
O professor Nilson Nunes, chefe do Departamento de Engenharia de Transportes e Geotecnia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), afirma que Belo Horizonte precisaria de um sistema de transporte de grande capacidade, já que o sistema rodoviário não dá mais conta de sua demanda. “Não vejo outra alternativa se não resolver isso com os trilhos. Está mais do que claro que o sistema de ônibus não consegue transportar com qualidade, o que aumenta a incidência de transporte privado em Belo Horizonte, ampliando ainda mais o problema do trânsito”, afirmou o professor.
 
Valquir dos Santos, motorista de uma das linhas que liga a região de Venda Nova ao centro da capital, confirma a piora do tráfego a cada dia. “Antigamente, eu fazia a minha rota em 30 minutos. Hoje eu levo um pouco mais de uma hora”, disse. “O trânsito ficou um verdadeiro caos”.
 
Para a empresa que gerencia o transporte na metrópole, a implementação do metrô só deverá ser resolvida com investimentos de R$ 3 bilhões até 2020, para modernizar, aumentar e ampliar a oferta – inclusive a headway (intervalo entre os trens) de três minutos. No entanto, os projetos estão engavetados.
 
Ainda para Nunes, o fato de a construção do metrô ser bem mais cara do que o BRT (cerca de 20 vezes mais por quilômetro) não justifica a demora em sua implantação, já que a cidade perde economicamente com a falta de mobilidade de seus cidadãos. “Muitos investimentos em novos negócios na cidade deixam de ser concluídos por falta de um transporte eficaz. E, infelizmente, o BRT é pequeno para o tamanho do problema que temos”, completou.
 
Os números do metrô belo-horizontino não impressionam. São 30 km em uma única linha, com 19 estações, levando apenas cerca de 200 mil passageiros por dia. A linha 3 já tem traçado definido, mas não a data para início de obras. Essa linha iria da Pampulha, onde está localizado o estádio Mineirão, até o bairro da Savassi, e estava planejada para sair do papel somente na segunda metade da década. Agora, a presidente Dilma Roussef entrou em cena e anunciou um aporte de R$ 1,9 bilhão para a linha.
A data da licitação ainda não foi revelada, mas, segundo a imprensa mineira, a empresa vencedora terá de investir ao menos
R$ 1,2 bilhão no projeto. Outros recursos viram do governo estadual, por meio do BNDES (R$ 380 milhões) e da prefeitura
(R$ 200 milhões).
 
Mobilidade sem motor

Belo Horizonte tem um plano estratégico de mobilidade urbana, chamado de PlanMob. Um dos mais interessantes pontos do plano é o Programa Pedala BH, que incentiva  a ampliação da rede cicloviária da capital mineira. Hoje, existem sete trechos, que somam apenas 19 km, mas a iniciativa ainda esbarra na falta de cultura cicloviária na capital mineira: as faixas destinadas a bicicletas acabam se tornando estacionamentos para automóveis.
 
De acordo com Marcelo Cintra, gerente de Coordenação de Políticas de Sustentabilidade da BHTrans, a adequação da cidade aos veículos sem motor ajudaria a melhorar o trânsito, já que muitas pessoas se adaptariam ao aspecto sustentável e barato desse modo de locomoção.
 
O objetivo para a Copa do Mundo é aumentar consideravelmente a extensão das infraestruturas para o transporte de  bicicletas na capital, chegando a 105 km, entre ciclovias, ciclovias com sinalizadores de solo e ciclofaixas. Apesar disso, a demanda somente seria atendida com 336 km de rede cicloviária.
 
Sistemas integrados

Doutor em Geografia pela UFMG, Leandro Cardoso salienta que o complexo de mobilidade só tem resultados satisfatórios quando todos os meios de transporte são implantados como uma engrenagem bem planejada. “Cada meio de transporte tem que dialogar com os demais. São capilares extensos, com áreas e vocações diferentes, sendo que nenhum atende por completo a todas as áreas”, afirma Cardoso.
O professor lembra que Belo Horizonte possui mais de um carro para cada dois habitantes, o que torna impossível qualquer planejamento estratégico. “A cultura de locomoção das pessoas também precisa mudar”, resume Cardoso.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

13/10/11
CBTU-Metrô BH registra novo recorde de passageiros

No mês de setembro, a CBTU-Metrô BH registrou elevação no número de usuários por dia útil. Em média, foram transportados 203.701 passageiros. No mesmo período do ano passado, o sistema havia recebido 183.651 usuários/dia.

Em setembro, o metrô já havia alcançado o recorde mensal de passageiros. Fatores como a volta às aulas e as manifestações realizadas durante a greve dos professores estaduais, levaram a um aumento de 13,4%, em comparação ao ano passado.

Em agosto, 5.213.281 usuários passaram pelas 19 estações da CBTU-Metrô BH. O constante crescimento de demanda revela o aumento da produtividade do sistema, que surge como a melhor opção de transporte, diante dos atuais problemas do trânsito da cidade.

 

sábado, 17 de setembro de 2011

Dilma anuncia liberação de R$ 1,75 bi para metrô mineiro
Publicado: sábado, 17 de setembro de 2011
Feliz com a notícia, o prefeito Márico Lacerda garantiu que o governo mineiro e a prefeitura entrarão com uma contrapartida de mais R$ 1,1 bilhão.

A presidente Dilma Rousseff assinou nesta manhã desta sexta-feira a Lei Geral da Copa, antes de embarcar para Belo Horizonte. A nova lei será enviada ao Congresso, na próxima semana. Assim que chegou à capital mineira, a presidente anunciou que o Governo Federal irá investir diretamente na construção do metrô de Belo Horizonte a quantia de R$ 1 bilhão.

Em seu discurso na sede da Prefeitura, a presidente garantiu ainda que uma linha de crédito de mais R$ 750 milhões será aberta para o financiamento do projeto, via BNDES e outros bancos de fomento estatais.

Feliz com a notícia, o prefeito Márico Lacerda garantiu que o governo mineiro e a prefeitura entrarão com uma contrapartida de mais R$ 1,1 bilhão. "Com esse total de R$ 2,86 bilhões terminaremos as linhas 2 e 3 do metrô de Belo Horizonte", disse ele.

A cidade conta com a linha 1, mas a demanda crescente como sede da Copa 2014 exigirá mais obras de transportes públicos para a capital mineira. Na opinião do secretário nacional do PAC, Maurício Muniz, "o investimento em Minas abre a série de mobilidade urbana para grandes cidades brasileiras".

Fonte: Uol
 
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sábado, 10 de setembro de 2011

Metrô de BH será anunciado pela presidente Dilma no final do mês
sexta-feira, 9 de setembro de 2011

A boa notícia do metrô de Belo Horizonte prometida pela presidente Dilma Rousseff (PT) em sua última visita a Belo Horizonte veio antes do esperado e tem data marcada. Em seu retorno a Minas Gerais, previsto para o dia 27, ela vai anunciar a liberação de R$ 1,9 bilhão para o trem metropolitano, o que representa 14% de todo o investimento do país para metrôs. Dilma vai também divulgar a abertura das licitações de dois lotes da BR-381 e para a restauração da BR-040 no trecho Belo Horizonte–Juiz de Fora.

A única obra que vai ficar para trás, segundo o senador Clésio Andrade (PR), é a de adequação e revitalização do Anel Rodoviário da capital. Com base em conversas que teve com o ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, o parlamentar contou que essa intervenção não deve ser anunciada no mesmo dia. “O modelo de licitação do projeto básico do anel está muito atrasado”, explicou. Em passagem rápida pela capital mineira, no dia 1º, Dilma disse que vai abrir exceção e permitir a abertura da licitação para as obras da rodovia sem o projeto executivo, para acelerar o processo.

As novidades do metrô, segundo o senador, não vão agradar apenas aos belo-horizontinos, mas também a moradores da região metropolitana. A presidente deve anunciar a expansão da linha 1 (Eldorado/ Vilarinho) até Betim e a criação da linha 3 (Barreiro/Santa Tereza). A implantação da linha 2, que ligaria a Região da Pampulha à Savassi, não foi confirmada.

 De acordo com a proposta apresentada pela Prefeitura de Belo Horizonte, que contempla os dois novos trechos, o R$ 1,9 bilhão viria do PAC Mobilidade, R$ 1,2 bilhão seria obtido por meio de parceria público-privada, R$ 400 milhões do governo do estado e R$ 200 milhões da prefeitura.

Antes de a presidente oficializar os repasses de verba, que vão começar a resolver os principais gargalos do estado, os parlamentares do Movimento Pró-Minas terão reuniões com o ministro Paulo Sérgio Passos, na terça-feira, e com a ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, na quarta-feira. A ideia, segundo Clésio Andrade, é levar propostas para acelerar as obras. Para a BR-381, a proposta é lançar o edital para privatização dos outros oito trechos, que vão até Governador Valadares, juntamente com o da licitação dos trechos 7 e 8, que prevê obras em 69 quilômetros da rodovia, da Av. Cristiano Machado, em BH, a Barão de Cocais. Eles vão pedir também a privatização para a duplicação da BR-040.

PAC Mobilidade

O Ministério das Cidades anunciou que serão destinados R$ 18 bilhões para as propostas enviadas ao PAC Mobilidade, sendo R$ 6 bilhões de recursos da União e R$ 12 bilhões por meio de financiamento do BNDES. Entre os critérios estabelecidos pelo ministério, os municípios devem garantir a sustentabilidade operacional dos sistemas, a compatibilidade entre demanda e modelos propostos e adequação às normas de acessibilidade. A prioridade para projetos que beneficiem áreas com população de baixa renda também foi apontada como um dos fatores que serão analisados no programa.

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Fonte: Estado de Minas

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Metrô de BH: 25 anos de promessas e desperdícios
Publicado: quarta-feira, 17 de agosto de 2011
Promessas não cumpridas. Sazonalmente, autoridades vieram a público garantir que, dessa vez, o metrô finalmente deixaria o acanhamento da linha 1 (Eldorado/Vilarinho).


O metrô de Belo Horizonte chega aos 25 anos de operação, em agosto, em seu pior momento. Enquanto as vizinhas Rio de Janeiro e São Paulo recebem investimentos bilionários do governo federal, a capital mineira continuará limitada a uma única linha pela falta de perspectivas de expansão até a Copa do Mundo de 2014. O desperdício de dinheiro público é outro dado vergonhoso desse sistema de transporte que se propõe "de massa" na capital mineira. Nos últimos dez anos, foram gastos R$ 84 milhões em obras inacabadas e em projetos fadados ao registro no papel.

As promessas de criação das linhas 2 (Barreiro-Santa Tereza) e 3 (Savassi-Pampulha) se repetem há dez anos, quando a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) liberou R$ 24 milhões para estudos de viabilidade dos dois ramais. A obra rumo ao Barreiro chegou a ser iniciada, com serviços de terraplenagem, desapropriações nas áreas de domínio da linha - que teria 17,5 km e 11 estações - e construção daquela que seria a Estação Amazonas.

Mas, em 2004, por falta de repasses de verbas pela União, a linha 2 parou. O que já havia sido gasto - cerca de R$ 60 milhões - nunca mais será recuperado. Para piorar, terrenos voltaram a ser invadidos, materiais foram saqueados e estruturas foram depredadas nesses últimos sete anos. Além disso, o projeto sofreu alterações. Agora, a linha não mais chegará ao Calafate, mas, em um túnel sob a avenida Amazonas, seguirá até a região hospitalar.

Promessas não cumpridas. Sazonalmente, autoridades vieram a público garantir que, "dessa vez", o metrô finalmente deixaria o acanhamento da linha 1 (Eldorado/Vilarinho). Em maio de 2008, o então governador Aécio Neves anunciou que a implantação das linhas 2 e 3 já tinha o "aval do (agora ex) presidente Lula e que, em breve, ele assinaria um convênio com o governo do Estado".

Participaria também desse convênio a iniciativa privada. A expectativa era que empresas investissem 38% dos R$ 3,5 bilhões necessários (R$ 1,33 bilhão) para a criação das linhas 2 e 3. Na época, informou Neves, os termos do convênio foram entregues à então ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, que daria o sinal verde para a oficialização da parceria.

Até o prefeito Marcio Lacerda, na época secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico, disse que a abertura da concorrência pública "nos próximos meses" permitiria o início das obras "ainda no ano que vem", ou seja, em 2009. Porém, a própria CBTU alertou que a operação deficitária do metrô seria um empecilho aos investidores. Em 2008, a União aplicou um socorro de R$ 38 milhões para manter o metrô de BH. Acredita-se que esse valor seja de R$ 50 milhões anuais atualmente.

O governo mineiro não vê outro caminho para a expansão do metrô senão a estadualização. O secretário de Transportes e Obras Públicas, Carlos Melles, garante que se forem liberados R$ 1,1 bilhão pela União, o Estado disponibiliza R$ 400 milhões. "O restante (R$ 2 bilhões) sairia da iniciativa privada", disse. No Rio e em São Paulo, o metrô é gerenciado pelo Estado e a iniciativa privada. Neste ano, o sistema dessas cidades têm previsão de aportes de R$ 1,1 bilhão e R$ 4,8 bilhões, respectivamente.

"Belo Horizonte está, no mínimo, 30 anos atrasada" - Se for considerar o progresso do metrô, a capital mineira ainda está parada no tempo, na década de 80, época da inauguração do sistema. É o que avaliou o diretor da Associação dos Engenheiros e Arquitetos do Metrô (Aeamesp), Gerson Toller, ao defender a subordinação do trem metropolitano ao Estado e município. "As coisas se tornam mais fáceis pelo fato de os gestores estarem mais próximos do problema. A obra é cara, mas é a solução em transporte nas metrópoles. Belo Horizonte está, no mínimo, 30 anos atrasada", disse.

O engenheiro Nilson Nunes, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), compartilha da ideia de se ratear os custos do metrô entre Estado, municípios, União e iniciativa privada. Cada quilômetro construído consome, em média, R$ 96 milhões. "O metrô é deficitário e precisa ser subsidiado. Por ser uma obra longa, o político que liberou o recurso pode não ser o mesmo que vai inaugurar a obra, e isso pode atrapalhar", disse.

Deputados mineiros e prefeituras interessadas na ampliação do metrô se reúnem, na semana que vem, com o ministro das Cidades, Mário Negromonte, para propor um consórcio. Durante uma semana, a CBTU foi procurada pela reportagem, mas a assessoria de imprensa informou que o presidente da entidade não poderia se manifestar sobre o metrô. (TT)

Duas horas de ônibus ou 30 minutos no vagão? - Ramais 2 e 3 elevariam número de passageiros a ponto de BH superar usuários do Rio de Janeiro.

Se a linha 2 (Barreiro/Santa Tereza) estivesse em operação, o passageiro de ônibus que faz o mesmo trajeto em duas horas, nos horários de pico – e pegando duas conduções –, poderia reduzir o tempo da viagem em quatro vezes, fazendo o percurso em 30 minutos. Em situação parecida, o trecho Pampulha/Savassi, referente à linha 3, poderia ser percorrida por trilhos em 20 minutos.

A demanda reprimida por transporte eficiente é tamanha que, caso a ampliação do sistema atingisse hoje as regiões do Barreiro, Centro-Sul, Savassi e Pampulha, o número de usuários/dia saltaria dos atuais 144 mil para 800 mil, mais que o Rio de Janeiro (640 mil/dia). As informações são do Sindicato dos Metroviários (Sindimetro).

O publicitário Felipe Augusto dos Santos, 29, leva, em média, uma hora e 40 minutos entre sua casa, no bairro São Luís, na região da Pampulha, e a Savassi, na região Centro-Sul. "É muito tempo perdido. O metrô facilitaria muito o deslocamento", lamenta Santos, que cresceu escutando as promessas de ampliação do metrô.

A redução no tempo de viagem não seria o único benefício com a ampliação do sistema. Especialistas em trânsito são taxativos ao afirmar que o sistema é o único que poderia dar um fôlego no trânsito caótico. Para o engenheiro Ronaldo Gouvêa, a evolução nos últimos 25 anos foi nula.

"A linha 1 só foi concluída há nove anos. Isso significa que demoramos 16 anos para se construir 28 km de metrô. Não há nada o que festejar. Atualmente, já éramos para ter duas ou três linhas. O metrô só será viabilizado com o envolvimento dos governos federal, estadual, da União e da iniciativa privada", disse Gouvêa.

O especialista em trânsito e logística da Fundação Dom Cabral, Paulo Tarso Resende, avalia que a falta de investimentos no metrô condena o cidadão a um trânsito cada dia mais congestionado. "O sistema sempre passou pelo mal de ser trocado por obras de emergência ou outras alternativas, como o BRT (Bus Rapid Transit). O argumento é sempre o mesmo, de que a obra é cara e demorada. No entanto, como ela nunca se inicia, nunca vamos ver a ampliação do metrô", disse.

O BRT é a aposta da prefeitura para o transporte coletivo. Os ônibus que trafegam em pistas exclusivas e carregam até 200 pessoas devem começar a operar no ano que vem em dois corredores viários.

No limite. Enquanto isso, os passageiros que utilizam o metrô convivem com a má qualidade do serviço, saturado nos horários de pico. Falta espaço até nas plataformas de embarque. Agora, a dona de casa Ana Cláudia dos Santos, 32, aguarda não só a ampliação do sistema. "Muitas vezes, está tão cheio que tenho que esperar um novo vagão".

Minientrevista - Jaci Campos. "Estamos operando no limite".

Quais são os principais problemas do metrô hoje?

A falta de integração completa com os ônibus do município e da região metropolitana é grave. Além disso, estamos operando no limite. No horário de pico, não cabe mais nenhum passageiro. As estações não têm segurança e a sinalização é precária.

Qual a situação dos trens que operam na capital?

A frota é francesa e é muito ultrapassada. Quando o sistema foi implementado, em 1984, os trens já eram antigos. Hoje, quando uma peça estraga, temos que pedir que seja feita quase que artesanalmente na França. Não encontramos mais equipamentos com essa tecnologia.

O senhor acredita que se o Estado assumisse o sistema a situação melhoraria?

O sistema é deficitário, e o Estado e município não conseguiriam mantê-lo.

Fonte: O Tempo-MG