sexta-feira, 27 de agosto de 2010

CBTU reacende esperança de ampliação do Metrô BH


26/08/2010 - Hoje em Dia

Praticamente descartada pela própria Prefeitura de Belo Horizonte, a possibilidade de ampliação do metrô da capital para a Copa do Mundo de 2014 voltou à tona nesta quinta-feira (26) durante o segundo dia do ciclo de debates “Desafios da Mobilidade Urbana na Região Metropolitana de Belo Horizonte”.

O Diretor de Planejamento e Expansão da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), Raul de Bonis Simões, garantiu que a aquisição de dez novas composições para a Linha 1 (ramal Eldorado-Venda Nova) será feita em até dois anos. Projetos executivos para as linhas 2 (Hospitais/Barreiro) e 3 (Pampulha/Savassi), afirmou, ficarão prontos no primeiro trimestre de 2011. As intervenções custariam cerca de R$ 3 bilhões, e a conta já foi apresentada ao Ministério das Cidades.

Com a ampliação da Linha 1, o número de usuários atendidos seria aumentado em 47%, passando dos atuais 170 mil passageiros/dia para 250 mil. “O projeto já está pronto. O que falta é uma decisão política para definir os recursos utilizados”, afirmou Raul Simões. Sobre os projetos básicos dos ramais 2 e 3, ele disse que um estudo preliminar – que dará suporte para a elaboração do projeto executivo –, já foi feito. “O metrô é fundamental para a realização da Copa. Ele não pode ser visto como um problema e, sim, como uma solução”.

A morosidade do Governo federal para definir a situação do metrô em Belo Horizonte foi novamente criticada pelo Governo mineiro. Segundo a subsecretária de Estado de Desenvolvimento Metropolitano, Maria Madalena Franco, a única forma de garantir o aporte de recursos necessários para a criação das linhas 2 e 3 seria uma parceria público-privada. Para ela, a transferência da administração do metrô para o Estado só depende da vontade da União.

Além de ser considerado fundamental para Belo Horizonte receber a Copa do Mundo, o transporte sobre trilhos também poderá chegar até a Região Metropolitana da capital. A possibilidade de aproveitar a atual malha de trens de carga da Grande BH para o transporte de passageiros está sendo estudada. Segundo a subsecretária Maria Madalena Garcia, 22 municípios da região são cortados por linhas férreas, algumas das quais são subutilizadas.

Na avaliação de Maria Madalena, pode-se implantar linhas de Veículos Leves sobre Trilhos (VLTs) ligando Vespasiano, Sabará e Santa Luzia até 2014. O edital para a contratação de consultoria será lançado em outubro, e o estudo sobre a viabilidade desses investimentos deve ser concluído no prazo de um ano.
Além disso, também está em negociação com a mineradora Vale a criação de um trem turístico que circularia nos fins de semana entre Belo Horizonte e o Instituto Inhotim, em Brumadinho.

ANTP cobra rede de transporte

A Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP) defende, além do metrô, uma rede eficiente de transporte público para Belo Horizonte receber a Copa do Mundo.

Para o diretor da ANTP, Rogério Belda, o transporte coletivo deve ser tratado como prioritário. “O metrô é essencial, mas sozinho não vai funcionar. Temos de ter ônibus metropolitanos que funcionem e outras alternativas que já foram faladas, como o VLT e o BRT (transporte rápido por ônibus).

Na avaliação de Belda, uma legislação proibitiva também deveria ser criada, visando diminuir o número de carros nas ruas. “A principal mudança deveria ser tomada com relação aos pontos de parada. Nas regiões centrais, eles deveriam ser extintos”.

A ampliação das linhas de metrô, ônibus e a melhoria na estrutura viária são os grandes desafios dos gestores públicos no que se refere à mobilidade urbana, conforme disse o subsecretário de Transportes do Estado, Fabrício Torres Sampaio, que também participou do ciclo de debates promovido pela Assembleia Legislativa.
De acordo com ele, o crescimento demográfico, aliado às condições topográficas desfavoráveis, tem prejudicado os estados e municípios em termos de investimentos no setor. Ele lembra que somente Belo Horizonte transporta cerca de 720 mil passageiros diariamente. Por isso, defende, alternativas precisam ser adotadas, como a criação de terminais metropolitanos.

Sistema de cartões requer investimento

Pelo menos dois milhões de novos cartões de crédito deverão ser usados nas 12 cidades brasileiras que vão sediar a Copa de 2014. Se não houver investimento em massa em tecnologia, o sistema de pagamento de despesas e serviços por meio do “dinheiro eletrônico” poderá entrar em colapso. O alerta foi feito por Marcelo Castro, coordenador do Seminário Copa 2014, encerrado ontem em Belo Horizonte.

Castro também chamou atenção para a necessidade de investimento nas redes de internet nos hotéis. “Na Copa da África do Sul, houve um apagão de uma hora e meia. Se durante a Copa a internet ficar fora do ar por mais de uma hora, as críticas serão ainda maiores, já que o Brasil já realiza quase tudo online”, diz.
Outro desafio do Brasil é com relação a energia. Marcelo Castro afirma que até hoje não foi feito nenhum estudo sobre o que representará para o sistema o consumo de energia dos 12 estádios, muitos praticamente novos, como de Natal, no Rio Grande do Norte, e Cuiabá, no Mato Grosso.

Ele lembrou que Belo Horizonte é uma das cidades que têm melhor infraestrutura para sediar a Copa de 2014. “O Aeroporto de Confins está localizado em uma área segura e tem condições de ser ampliado. Um dos desafios de Minas será o de aumentar a quantidade de vagas em hotéis. Para se ter uma ideia, um participante do seminário teve dificuldades de conseguir vaga na rede hoteleira”, disse Castro.

No seminário realizado em Belo Horizonte, as empresas na área de tecnologia apresentaram soluções para antes e depois da Copa. Uma delas é da IBM, que patrocinou o evento. O executivo de vendas da empresa, Marco Avellar, informou que um dos projetos que poderá ser usado por Belo Horizonte e pelas demais cidades-sedes da Copa de 2014 é o de monitoramento do trânsito.

“Um sistema de câmeras instaladas nas ruas transmite alertas para outros órgãos, como o Corpo de Bombeiros, quando houver acidentes, sem a necessidade de pessoas trabalhando em uma central”, explicou.
O analista de sistemas Paulo de Souza Aguiar defende investimentos na rede pública de internet para evitar transtornos. Segundo ele, as cidades brasileiras também precisam se preparar para que a transmissão do evento, via satélite, atenda às redes de televisão.

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