terça-feira, 10 de agosto de 2010

O Metrô vem aí…(1985)




O metrô vem aí - Publicidade de 1985 em BH...
O metrô vem aí - Publicidade de 1985 em BH...
FATO! Falta pressão e falta vontade política ao Governo Federal para liberar verbas para o metrô. A bem da verdade, o metrô de Belo Horizonte se transformou em uma ilha de abandono, somente lembrado quando Belo Horizonte discute eventos do porte da Copa do Mundo ou quando os níveis de congestionamentos atingem situações dramáticas. No resto do tempo, conversa-se mais sobre duplicação de avenidas. Em segundo lugar, existe a questão técnica da expansão da malha atual que deveria caminhar para áreas onde a desapropriação tem alto custo. Por exemplo, as áreas hospitalar e Savassi. Teríamos que batalhar por uma extensão do metrô para tais áreas para que ele pudesse ganhar demanda, já que a atual capacidade é alta para os atuais níveis de demanda. As atuais propostas de expansão abrangem áreas de grande densidade populacional como o Betânia, por exemplo, mas não abrange áreas de atenção política como o centro e Savassi. Finalmente, uma terceira dificuldade é a influência dos sistemas de ônibus nas esferas de decisão. O metrô perdeu representatividade política e o sistema de ônibus tem tal representatividade cada vez mais forte.
O Governo Federal tem favorecido imensamente seus aliados políticos para liberação de verbas de metrô. Exemplos mais marcantes, Salvador e Recife. Isso além de Brasília que é a casa do Governo Federal. Outras cidades ficaram sem verbas durante vários anos, como o Rio de Janeiro, e somente no governo atual, aliado do Governo Federal, os recursos voltaram. Em compensação, cidades como Belo Horizonte e Porto Alegre viram suas verbas secarem desde a ocupação do Governo do Estado por não aliados. Alguém pode alegar que o sistema de metrô é municipal e não tem muito a ver com o Estado. Não é verdade pois a cultura de obtenção de verbas para metrôs no Brasil ultrapassa a barreira municipal já que os metrôs estão implementados nas capitais com suas regiões metropolitanas. Por isso, implantar metrô tem magnitude estadual e federal. Uma outra questão importante é que os projetos de metrô de Belo Horizonte jamais ultrapassaram os limites de planejamento da capital. O metrô precisa envolver outras cidades para que o projeto ganhe força política, mas isso nunca foi feito. Inclusive, tem cidades na RMBH que são contra o metrô e tem até projetos paralelos.
O metrô vem aí - Publicidade de 1985 em BH...
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O Governo Federal é mudo em relação ao metrô de BH. A alegação é de que não existe projeto de metrô apresentado em tempo hábil. Perdemos a expansão do metrô para a Copa do Mundo justamente por tal alegação. Só que nenhuma pressão política foi exercida para inserção do metrô de Belo Horizonte no PAC em 2007. Ou seja, estamos com um sistema de metrô sem guardião da causa, sem um padrinho, sem um conjunto de ações que possam pressionar o Governo Federal a liberar as verbas. Daí a posição confortável do Governo Federal em não precisar de responder a uma demanda que é feita com muito fragilidade.
As necessidade de expansão são muitas!
A – As linhas de metrô, por uma questão histórica, seguem antigas linhas ferroviárias de carga (isso porque ficava mais barato). Essas linhas não atendem aos principais focos de demanda da RMBH.
B – As linhas atuais tem concorrência do sistema de ônibus, como é o caso do Corredor da Avenida Amazonas e Cristiano Machado.
C – A integração com o sistema de ônibus é fraca, e não explora os potenciais, por uma questão de disputa por passageiros entre os dois sistemas.
D – O metrô não tem integração metropolitana, ou seja, ele é considerado um sistema de Belo Horizonte e criado para atender BH somente.
E – O metrô não atende áreas de influência social, política, administrativa e econômica como Centro, Savassi, Região Hospitalar, Pampulha, etc.
F – Deve se expandir para Pampulha, Centro, Região Hospitalar. Em uma segunda etapa para importantes cidades da RMBH como Nova Lima, Betim, Confins e Santa Luzia.
O metrô vem aí - Publicidade de 1985 em BH...
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Sendo BH uma cidade montanhosa, é possível realizar a expansão em áreas mais centrais, onde há mais demanda? É possível sim, com bastante criatividade. Por exemplo, em região de montanha como o alto da Afonso Pena, e outras iguais, pode-se ter uma integração entre o metrô e trolleybus e outros sistemas que se dão bem com rampas mais elevadas. Em outras situações, o metrô tem que ser subterrâneo, que, apesar de mais caro, facilita a transposição de locais com tais características topográficas. Hoje em dia, tecnologias para se vencer regiões montanhosas são viáveis. O argumento da região montanhosa para metrô já foi abolido no mundo inteiro.
Listo a seguir os principais pontos de propostas de forma também bastante pragmática para facilitar as ações diretas de vocês:
A – Implementação imediata da expansão que já tem projeto, que é a linha dois que atende a uma região de demanda interessante, incluindo o Betania.
B – Discussão com a população sobre a expansão (forma, timing, etc.) para outras regiões de BH como Pampulha e Hospitais.
C – Revisão do modelo de integração do metrô com o sistema de ônibus.
D – Implantação de sistemas integrados de metrô, ônibus e trolleybus.
E – Inserção do projeto do metrô nas políticas públicas de trânsito de todas as cidades da RMBH.
F – Pensar na questão da estadualização do metrô e possíveis parceiros com outros agentes da sociedade (empresas privadas? Por exemplo).
O Metrô de Belo Horizonte tem 28,2 km de extensão, com cerca de 30 anos de implementação – isso significa 940 metros de linhas implementadas por ano – uma das menores do mundo e a menor do Brasil – considerando que o projeto está em expansão.
O Metrô de Belo Horizonte transporta 150 mil passageiros por dia em seus 28,2 km – taxa igual a 5.319 passageiros por km (SP = 60.655, Nova York = 14.070 só que com 398 km ou seja 14 vezes maior que Belo Horizonte; Tóquio = 31.794 ; Cidade do México = 20.398 e com 201 km ; Santiago = 28.571 e com 84 km ; e Buenos Aires = 15.909 e com 44 km). Ou seja, além de menor que todos os outros, tem densidade passageiro/km muito menor também. Isso mostra que o Metrô de BH é pequeno e com baixa demanda, ou seja, está atendendo as regiões erradas.
Considerando uma população de 5 milhões de habitantes para a RMBH, o metrô atende ao equivalente a 3% dessa população por dia (Nova York atende a 24% da população ; Paris atende a 36% da população ; Santiago atende a 44% da população; Cidade do México atende a 18% ; São Paulo atende a 19%).
No Governo Fernando Henrique Cardoso, o metrô de BH ganhou seis novas estações. No governo Lula? ZERO!
Informações cedidas gentilmente pelo Paulo Resende, Ph.D.

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